Graphic Novel | Um Contrato com Deus

WILL EISNER escreveu e desenhou “Um Contrato com Deus” aos 61 anos, em 1978, oito verões depois de sua filha, Alice, ter morrido de leucemia. O acerto de contas entre o criador de “Spirit”e o Criador resultou na genial obra que a Devir relança em edição de luxo (200 págs., R$ 48,50, capa dura e um magistral prefácio do autor).É, aliás, nessas linhas que redigiu em 2004, poucos meses antes de morrer aos 88 anos, que Eisner narra como extraiu de uma dor pessoal ao fôlego para criar um gênero que tornou os gibis algo além da diversão simples.

Com “Um Contrato com Deus”, o nova-iorquino do Brooklyn inventou as graphic novels. Ao dar uma mão de sofisticação literária às HQs, abriu espaço para boa parte do PIB cultural que alimenta a indústria da diversão. Provas? O trabalho do ilustrador limpou a estrada que resultou em fantásticos álbuns – como “Watchmen” e “V de Vingança”, de Alan Moore, e “O Cavaleiro das Trevas” e “Sin City”, de Frank Miller.

“Sin City” e “V” acabaram no cinema. Com sucesso. “Watchmen” vai para a telona. Batman, Super-Homem, X-Men, com um verniz adulto, criaram um nicho bilionário – “Homem-Aranha 3” é o campeão de bilheteria do ano. Ao tratar o leitor de HQs como alguém que sabe ler, Eisner entrou para o panteão dos gênios. É reverenciado por escritores como John Updike. Michael Chabon, autor de “Kavalier e Clay”, lhe deve uma ou duas doses de inspiração. Art Spielgelman, do premiado “Maus”, é fã. Virou troféu. O prêmio anual que faz as vezes de Oscar dos quadrinhos chama-se...Will Eisner.

O leitor que quiser começar a entender e gostar de gibis, tem agora a chance ideal. Mergulhar na obra de Eisner é passear pelos limites de um veículo. “Ele não estava apenas à frente de seu tempo. Os dias de hoje ainda estão tentando alcançá-lo”, escreveu Updike. Pague para ver.
Edmundo Clairefont

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